Seguidores

sexta-feira, 30 de setembro de 2011


Adaptações cardiovasculares


Conheça alguns dos benefícios trazidos ao coração com a prática regular de atividades físicas


Foto: FGFfotografias/ O2 Imagens
Por Hélio Castello*

O chamado “coração de atleta” já foi descrito há mais de 100 anos e hoje sabemos ser derivado da adaptação fisiológica do coração e dos vasos ao aumento de demanda energética durante o esforço repetitivo. As alterações são benignas e reversíveis. Ocorre aumento da força de contração cardíaca e melhor aproveitamento do oxigênio.

Quando comparado a um coração de individuo sedentário, o coração do atleta apresenta para a mesma carga de trabalho menor gasto energético. Entre os efeitos cardiovasculares do treino temos:

• Menor freqüência cardíaca em repouso, com isso menor gasto energético;
• Redução mais rápida da freqüência cardíaca após o exercício;
• Maior volume sistólico ao repouso e esforço, que corresponde ao volume de sangue injetado do coração para os vasos no momento da contração cardíaca;
• Elevação do débito cardíaco, ou seja, da quantidade de sangue injetada por minuto, oferecendo mais sangue e oxigênio para todos os tecidos do corpo;
• Aumento do consumo máximo de oxigênio (VO2 max), com melhor aproveitamento do oxigênio inspirado;
• Alteração das pressões intracardíacas;
• Maior diminuição da resistência periférica total e redistribuição do fluxo sanguíneo para órgãos vitais, melhorando a performance ao exercício;
• Dilatação e hipertrofia cardíaca, ou seja, aumento da massa muscular do coração.

Desta forma, temos maior eficiência mecânica da musculatura esquelética, aumento da capacidade funcional dos pulmões e melhor relação ventilação/ perfusão, ou seja, melhor captação de oxigênio nos pulmões pelos microvasos (capilares) que passam próximos dos alvéolos. Estas alterações dependem da intensidade e da duração do treinamento, do tipo de atividade atlética e de fatores genéticos.

* Hélio Castello é mestre em cardiologia pela Unifesp, diretor da Angiocardio e coordenador do centro de hemodinâmica e intervenções cardiovasculares do Hospital Bandeirantes (SP). Contato: heliocastello@terra.com.br

quinta-feira, 29 de setembro de 2011


O uso do gel


Saiba mais sobre esse suplemento, que serve como repositor de carboidratos durante as provas e treinos longos


Por Fernanda Silva

Existem diversas maneiras de potencializar seu desempenho e de suprir as perdas nutricionais durante as provas e treinamentos. Uma delas é através do famoso gel, suplemento que tem o objetivo de fornecer uma determinada dose de carboidrato, que é perdido durante a prática de atividades físicas mais longas. “O gel é um repositor energético, ou seja, fornece energia aos músculos e glicose para a manutenção da glicemia. Só há necessidade de ser consumido se o exercício tiver duração superior a uma hora”, explica a nutricionista da Clinn Espaço de Sáude, Mariana Escobar, especialista em fisiologia do exercício.

Como utilizar
O gel de carboidrato deve ser consumido pela indicação de um profissional da área de nutrição esportiva e deve ser aliado à rotina de treinos e disputas. “Isso é muito importante, pois junto com o plano de treino prescrito pelo professor, o suplemento deverá atender a demanda energética ao qual o corpo precisará gastar para cumprir os treinos. O gel tem a função de repor a energia gasta na corrida, mas tem que haver necessidade”, acrescenta o diretor técnico da Life Training Assessoria Esportiva, Leandro Sandoval.

Quando recomendado, o produto deve ser consumido em corridas com duração superior a uma hora, lembrando que pelo menos uma ou duas horas antes da atividade é importante que o atleta tenha feito uma refeição saudável. A nutricionista Mariana elaborou um “esquema” para ingerir o gel durante provas com duração maior que 60 minutos (considerando um gel de 30g):

Corrida de até 1 hora: Apenas água
Duração de 1h30min: 1 Sachê de Gel a cada 45 minutos
Duração de 2 horas: 1 Sachê a cada 30 minutos (a partir dos 40 minutos)
Duração de 3 horas: 1 Sachê a cada 25 minutos (a partir dos 40 minutos)
Duração de 4 horas: 1 Sachê a cada 20minutos (a partir dos 40 minutos)

Outro ponto relevante é que o produto deve ser consumido junto com água, para ser digerido com mais facilidade. Para os que irão utilizar o gel pela primeira vez, não é indicado prová-lo no dia da disputa ou num treino muito importante, para não haver desconfortos caso o organismo não aceite muito bem. “Após a prescrição do nutricionista, sugiro experimentar algum de um amigo de treino, para testar como o paladar irá reagir, mas jamais fazer isso em dia de prova. Não se come nada novo em dia de competição e nem no dia anterior!”, reforça a nutricionista esportiva funcional, Priscila Di Ciero.

Com relação à embalagem, guarde num lugar de fácil acesso durante a corrida e não desperdice o conteúdo. “O jeito mais fácil é ir dobrando-o à medida que sorve o conteúdo (aquela `gosminha´). Assim você terá certeza que está consumindo todo o gel do sachê, sem desperdiçar nada”, recomenda Priscila. “Também é importante segurar a embalagem depois de ingerir o gel, para descartá-la no lixo mais próximo durante o percurso”, lembra o treinador Sandoval, para não atrapalhar os outros participantes.

Aliado a uma boa alimentação
As composições mais comuns no mercado são, basicamente, repositoras de carboidrato. Porém, com o avanço tecnológico, dependendo da marca do gel, existem sachês que, além do carboidrato, fornecem eletrólitos - sais minerais como sódio e potássio, eliminados na corrida pelo suor. “Existem ainda os que possuem, além de eletrólitos, BCAAs, o que pode retardar a fadiga, melhorando ainda mais o desempenho”, complementa Mariana. Os geis mais consumidos variam de 40 à 160 calorias, dependendo da quantidade dentro da embalagem.

Mesmo assim, é importante ressaltar que uma refeição completa antes e depois dos treinos e provas não pode ser substituída pelo repositor de energia. Alimentos ricos em carboidratos, como pães e torradas, de preferência integrais, macarrão, arroz e batatas, são opções ideais para antes da corrida. Além de uma grande variedade de frutas, verduras e legumes, que dão ainda mais vitaminas e nutrientes essenciais ao organismo. Depois da atividade física, além do cardápio pré-corrida, aliar proteínas animais (frango, leite, carnes e queijos magros) e vegetais (como a soja, em diversas formas) e uma boa hidratação é também importante.

MATÉRIA DA REVISTA O2

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Longa jornada


Longa jornada

Saiba quando acelerar, frear ou treinar o ritmo-alvo de prova durante o seu longão

Por Bob Cooper
NÃO IMPORTA SE VOCÊ CORRE DUAS maratonas por ano ou se de vez em quando participa de uma prova de 10 km: a longa distância faz parte da sua vida. Pode ser até que você consiga evitar uma sessão de tempo run (treino de ritmo) ou de velocidade e, mesmo assim, consiga atingir sua meta ou algo próximo a ela. Mas não dá para se negligenciar os longões. Em outra palavras: uma vez por semana você precisa ir 50% além da distância normal de manutenção, especialmente se pretende correr uma maratona ou meia-maratona.
Ir mais longe aumenta a sua eficiência na corrida: "Longões aumentam a capacidade de queimar gordura e conservar glicogênio, permitindo que você corra mais antes de bater o cansaço", diz Shelby Schenck, treinador-chefe do Team in Training de Washington/Alaska (EUA). "E aperfeiçoam a habilidade de transportar oxigênio e nutrientes aos músculos".
Conforme os objetivos evoluem, os longões também devem evoluir. As três variações a seguir fornecem benefícios apropriados a diferentes metas e condicionamentos. Veja como – e quando – fazê-las trabalhar a seu favor.
Lento e constante
Popularizada durante o primeiro boom das corridas nos anos 1970, a corrida longa e lenta continua sendo a melhor escolha para iniciantes, corredores retomando os treinos ou com tendência a sofrer lesões e para quem não se preocupa com o tempo. Os longões lentos proporcionam resistência com menos probabilidade de causar uma lesão. "Os aspectos mais importantes deles são o tempo que você passa correndo e a velocidade, que não pode ser alta demais", afirma Schenck.
NA PRÁTICA -> Para evitar que a fadiga atrapalhe sua postura e cause lesões, Schenck recomenda correr esses longões por tempo, e não por distância, aumentando-o em 10 a 15 minutos em semanas alternadas. Faça o aquecimento num ritmo 1 min/km mais lento do que o seu ritmo-alvo de prova. Após 20 minutos, permaneça nesse ritmo (ou diminua). Se estiver se sentindo bem, acelere gradualmente até um ritmo de 30 s/km mais lento que o ritmo almejado na prova. Semana sim, semana não, reduza o tempo da corrida longa em 25 a 50%.
Corrida progressiva
Nas corridas progressivas, você começa devagar e, aos poucos, vai aumentando a velocidade. Assim você se supera justamente quando é mais difícil: perto do fim da prova. "Esse tipo de corrida ensina a acelerar gradativamente e quebra a monotonia, forçando o corredor a pensar no ritmo. Além disso, correr a segunda metade do percurso mais rápido que a primeira [split negativo] prepara o atleta para atravessar o desconforto mesmo estando cansado", diz David Allison, treinador da cidade de Phoenix (EUA). "A maratona tem tudo a ver com paciência e com o conhecimento do seu corpo; a progressão desenvolve essas aptidões". Veteranos de maratonas e meias-maratonas, que já testaram seu limites em provas, são capazes de lidar com as corridas progressivas dentro de uma margem de segurança. Mas no caso dos novatos, Allison não recomenda essa prática. "Ao correr cada vez mais rápido, o iniciante pode se forçar demais", diz.
NA PRÁTICA -> Comece em ritmo 30 s/km mais lento do que o ritmo-alvo da prova. A cada 2 ou 3 km, aumente a velocidade em 5 s/km, terminando no ritmo desejado ou um pouco mais rápido. Alterne com as corridas longas e lentas.
Ensaio Final
É benéfico para todos os corredores correr alguns quilômetros extras no ritmo pretendido para a prova, já no fim dos longões. Mas essa estratégia é especialmente valiosa para quem está focado em atingir um tempo específico. "O melhor jeito de aprender um ritmo é praticá-lo", diz Jenny Hadfield, co-fundadora do Chicago Endurance Sports (EUA). "As corridas do tipo ‘ensaio final’ disciplinam você para se esforçar ao fim da prova, quando as pernas estão cansadas".
NA PRÁTICA -> Comece a corrida longa em ritmo lento. Quando faltarem de 5 a 8 km para o fim, acelere até alcançar o ritmo pretendido na prova. Mantenha-o até o fim do treino, permitindo-se 1,5 km em ritmo de desaquecimento. A distância total das corridas de ensaio geral deve ser de 10 a 13 km para os meio-maratonistas iniciante, e de 20 a 25 km para os mais experientes. Já os maratonistas devem fazer de 13 a 20km e de 24 a 32 km, respectivamente. Faça vários desses ensaios nas etapas finais do programa de treinamento.

terça-feira, 27 de setembro de 2011


Exercícios funcionais


A importância de fortalecer a musculatura para correr melhor


Por Odara Gallo

Quem freqüenta academias já deve ter visto pessoas realizando exercícios um pouco diferentes dos convencionais. Eles são feitos com bola, prancha e cilindro, elásticos e outros aparelhos muito diferentes das confortáveis máquinas em que é possível escolher a carga e ajustar ao tamanho dos braços e pernas. São os chamados exercícios funcionais.

A base dessa técnica está em trabalhar a musculatura buscando a funcionalidade do exercício, ou seja, aproximar os movimentos à atividade que o atleta necessita, seja ela a corrida ou qualquer outro esporte.

“Esses exercícios são direcionados ao fortalecimento da musculatura necessária às atividades cotidianas e aos gestos técnicos das diferentes modalidades esportivas. Já o treinamento convencional, que utiliza aparelhos, trabalha a musculatura de forma mais isolada, o que pode gerar desequilíbrios musculares se esse trabalho não for bem feito”, explica Samuel Ferraz Junior, professor da Fórmula Academia, de São Paulo.

Os três tipos de movimentos básicos trabalhados com a técnica são o rotacional, o lateral e de frente para traz, isso faz com que os exercícios utilizem toda a capacidade do músculo. Outra vantagem é que, na maioria deles, são trabalhados ao mesmo tempo a força e o equilíbrio, o que seria impossível de fazer nos exercícios que são realizados com o atleta sentado em um aparelho.

O treinador explica que o exercício funcional pode ser um ótimo aliado para a corrida, pois trabalha as diversas funções dos músculos. “Esse treinamento considera que cada movimento realizado pelo corpo humano envolve vários músculos, cada qual com diferentes funções. Durante a corrida, alguns são responsáveis por gerar o movimento, enquanto outros atuam ao mesmo tempo para estabilizar articulações e potencializar movimentos”, diz Samuel Ferraz Junior.



MATÉRIA DA REVISTA O2

segunda-feira, 26 de setembro de 2011


Mitos da nutrição


Saiba o que é verdade e o que é lenda quando o assunto é uma boa alimentação e a prática de atividades físicas


Por Fernanda Silva

Você já deve ter ouvido, por diversas vezes, pessoas dizerem que o consumo de ovo pode elevar o colesterol, que ficar sem comer, mesmo sem uma dieta correta, emagrece, que chocolate faz mal para a pele, entre outros. Mas será que essas afirmações são realmente verdadeiras? Para isso, o O2 Por Minuto, com a ajuda de nutricionistas, selecionou alguns dos mitos mais famosos para serem esclarecidos.

1 – Comer carboidratos à noite engorda. Na verdade o que importa não é o horário em que os carboidratos são consumidos, mas sim a quantidade ingerida, pois o que engorda é o excesso de calorias. Ao consumir carboidrato, nosso corpo o armazena em forma de energia. Se esta não for gasta em atividades físicas, é absorvida pelo organismo em forma de gordura, promovendo então um aumento de peso.

“É comum durante o dia as pessoas terem um pobre café da manhã, um almoço exagerado e depois só voltam a ingerir comida novamente à noite, após o trabalho quando estão cansadas. Então, nesse momento pode haver um exagero de alimentos, especialmente os mais calóricos”, explica o nutricionista da Nutrição Fácil, Luís Ricardo de S. Alves. “À noite, o nosso metabolismo também diminui e ingerir uma refeição mais leve, com menores quantidades de gorduras e carboidratos refinados, é o mais indicado”, complementa a nutricionista Tarcila Beatriz Ferraz de Campos.

2 - O consumo de ovo é prejudicial à saúde. Além de ser um alimento de baixo custo e de fácil preparo, o ovo possui ferro, vitaminas A e E, proteínas de alta qualidade, gorduras insaturadas (saudáveis) e apenas 70 calorias. O mito que ronda por trás do alimento é que ele aumenta o colesterol ruim (LDL) e o risco de doenças cardíacas. “A gema do ovo tem grande concentração de colesterol, no entanto, se for ingerido moderadamente e numa dieta balanceada e orientada, não possui colesterol suficiente para colocar a saúde em risco”, explica Tarcila.

3 - Ingerir líquidos durante a refeição engorda. “Não, não engorda. Porém a quantidade indicada é de apenas de um copo por refeição, pois o que pode ser prejudicial é comer e tomar líquidos em grande quantidade”, revela a nutricionista. Bebidas com muitas calorias, como refrigerantes e bebidas alcoólicas também podem ser prejudiciais. Se o líquido forconsumido com moderação, dentro do proposto na dieta alimentar, não promove aumento de peso.

4 - Ficar sem comer emagrece. Além de ser perigoso, isso é lenda. Ao deixar de comer por um período, o metabolismo fica mais lento, dificultando a perda de peso. Portanto, o mais recomendado é realizar entre as grandes refeições (café da manhã, almoço e jantar) pequenos lanches, para manter assim um bom funcionamento do organismo. Mas atenção: opte por alimentos saudáveis e nutritivos.

5 - Praticar atividades físicas sem ter se alimentado ajuda a perder peso. “Não, pelo contrário. Essa prática terrível poderá destruir nossos músculos (massa muscular)”, explica Luís Ricardo, lembrando que, para queimar gorduras, é preciso, além de uma dieta saudável, possuir massa muscular corporal. “Antes dos exercícios, precisamos ingerir alimentos, principalmente os que são fontes de carboidratos (como pães, arroz, batata, macarrão, torradas, frutas, sucos de frutas, etc.), para obtermos energia necessária”, acrescenta o nutricionista.

6 - Alimentos integrais são menos calóricos. “Os alimentos integrais têm quase a mesma quantidade de calorias dos refinados. A vantagem deles é que são ricos em fibras, que promovem uma sensação de saciedade maior e por mais tempo”, revela Tarcila. Os alimentos ricos em fibras são melhores opções, pois possuem um índice glicêmico menor do que o dos refinados – que, por possuírem esse índice muito mais alto, são absorvidos rapidamente, provocando sensação de fome em um curto espaço de tempo. Portanto, a ingestão destes alimentos também deve ser adequada à rotina alimentar sem exageros.

7 - Ingerir apenas proteína é suficiente para a recuperação muscular. As proteínas são fundamentais para a recuperação muscular, porém, junto com carboidratos. Esta é a melhor combinação de nutrientes após os treinos. “O exercício físico reduz as reservas de glicogênio no corpo. O melhor momento para ingerir carboidratos é justamente depois do exercício físico, pois os músculos se encontram mais receptivos à absorção de glicose para repor os estoques de glicogênio”, explica Tarcila.

8 – Consumir proteínas em excesso prejudica os rins. “Não prejudica uma pessoa saudável. Já Indivíduos com problemas renais não podem ingerir muita proteína, apenas para a manutenção de sua saúde, com a devida orientação médica”, revela Luís Ricardo. “Esse mito surgiu em 1983, quando pesquisadores descobriram que ingerir proteínas em excesso aumenta a taxa de filtragem glomerular, ou seja, os rins passam a filtrar mais sangue por minuto. O nosso corpo se adapta ao trabalho extra, mas muita proteína provoca mal estar. O certo é consumir diariamente na quantidade certa, tanto as proteínas animais quanto as vegetais - que são excelentes para o corpo”, explica o nutricionista.

9 – Chocolate provoca espinhas na pele. Esse é um mito muito comum, especialmente entre os adolescentes, mas ainda não existe nenhuma confirmação científica. Um dos motivos para o aparecimento de acnes ou espinhas nessa fase é por causa do descontrole hormonal. Fatores dermatológicos e até psicológicos, como estresse e ansiedade, também agravam o quadro, mas nada está relacionado ao chocolate. O único cuidado é com relação à quantidade a ser ingerida e as calorias do produto.

10 - Os adoçantes artificiais causam câncer. “Não existem evidências cientificas que comprovem isso. Adoçantes dietéticos são, em sua maioria, compostos a partir de substâncias não calóricas, naturais ou sintéticas, conhecidas como edulcorantes. Estes são mais doces que o açúcar branco, e responsável pelo sabor dos adoçantes de mesa. Porém, dentro de dosagens permitidas são considerados bem mais saudáveis para diabéticos do que o açúcar”, explica Tarcila.



MATÉRIA DA REVISTA O2

domingo, 25 de setembro de 2011


Makau vence em Berlim e quebra recorde mundial


Vencedor da prova em 2010, queniano volta à capital alemã para cravar recorde mundial dos 42 km. Entre as mulheres, vitória de Florence Kiplagat


Nem Hale Gebrselassie, nem Paula Radlciffe. Os nomes que se destacaram na 38ª edição da Maratona de Berlim, realizada neste domingo, 25 de setembro, foram Patrck Makau e Florence Kiplagat. O queniano, que havia vencido a prova no ano passado, neste ano não só cruzou a linha de chegada na primeira colocação como também quebrou o recorde mundial dos 42 km, com 2h03min38s - a marca anterior, de 2h03min59s, pertencia ao etíope Gebrselassie, que abandonou a prova com problemas estomacais. Stephen Chemlany (2h07min55s) e Edwin Kimaiyo (2h09min50s), ambos do Quênia, completaram o pódio.

Já entre as mulheres, Kiplagat, também queniana, não teve dificuldades para superar as adversárias, e cruzou a linha de chegada com a marca de 2h19min43s. Irina Mikitenko, da Alemanha, veio na segunda colocação, com 2h22min18s. Já a britânica Paula Radcliffe, que voltou a correr uma maratona depois de dois anos - por conta de lesões e do nascimento de seu filho - ficou em terceira, com 2h23min43s.



MATÉRIA DA REVISTA O2

sábado, 24 de setembro de 2011


Poltergeist, o fenômeno

O queniano Paul Tergat já deteve os recordes mundiais dos 10000 metros, 21 km, 42 km, além de ser o maior vencedor da São Silvestre. E falou com a gente em São Paulo

Por Iberê Castro Dias
Quem estava assistindo perdeu o fôlego antes dos atletas. Ainda não inventaram adjetivo para definir o último quilômetro da prova de 10000 metros dos Jogos Olímpicos de Sydney (2000). Como num 100 metros rasos, a vitória só veio na esticada de peito.
Veja trechos da entrevista exclusiva de Paul à Runner's

Ele, que já havia sido recordista mundial da distância, pentacampeão mundial de cross-country e campeão e, recordista mundial de meia maratona (e conquistaria o bi em novembro de 2000), não conseguia livrar-se da sina da prata nos 10 000 metros. Aquela era a chance de dar o troco pelas derrotas em uma Olimpíada (Atlanta-96) e dois Mundiais (Atenas-97 e Sevilha-99). Mas, novamente, Haile Gebrselassie fez questão de mostrar como se constrói um império. A redenção veio com o recorde mundial da maratona, em 2003.
Além de contar suas lembranças dessas provas épicas, em entrevista exclusiva a RUNNER’S WORLD, Paul Tergat fala da infância pobre no Quênia, do pentacampeonato da São Silvestre e também descreve a sensação de quem viu, ao vivo e de perto, Vanderlei Cordeiro de Lima receber o afetuoso abraço de um padre irlandês, na maratona em Atenas.
Você é pentacampeão (1995, 96, 98, 99 e 2000) e o maior vencedor da São Silvestre, uma das corridas de rua mais importantes da América do Sul. Quais são suas lembranças dessa prova?
Uma das principais razões que me faziam voltar para a São Silvestre era a atmosfera da prova, o público incentivando, a mídia. A São Silvestre ajuda a difundir a cultura da corrida pelo Brasil e é uma prova de alto reconhecimento internacional [o recorde de Tergat na prova é de 43min12, em 1995].
Depois de 15 anos, você ainda é o recordista da prova. O que pensa disso?
Na verdade, acho isso muito triste. Eu achei que fosse ver a nova geração de corredores trabalhando duro para alcançar esse recorde. Eu quebrei um recorde que havia sido estabelecido por alguém antes de mim e não esperava que minha nova marca durasse tanto tempo. Mas, claro, ser o maior vencedor e o recordista da São Silvestre também me dá muita satisfação.
Quem será o próximo grande maratonista do mundo? Como você vê a nova geração?
É uma pena que tenhamos perdido Samuel Wanjiru [corredor queniano recordista da maratona olímpica que faleceu em maio deste ano, aos 24 anos]. E Haile Gebrselassie continua sendo muito forte.
Mas quem será, por exemplo, o próximo recordista mundial da maratona?
É difícil responder. Há muitos atletas vindo aí e está cada vez mais difícil alguém se manter no topo por muito tempo. O vencedor de Nova York do ano passado é um. No ano seguinte, será outro. Em Londres e Berlim acontece a mesma coisa. E isso é ótimo para o esporte.
Você era amigo de Samuel Wanjiru? Como ele era?
Ele era um corredor fantástico, muito talentoso. Foi o primeiro queniano a ganhar um ouro olímpico na maratona. Foi uma pena que o tenhamos perdido ainda tão novo. Era um corredor para seguir brilhando por mais uns dez anos.
Vamos falar sobre seu recorde mundial na Maratona de Berlim, em 2003. Naquele dia, você fez 2h04min55.
É, eu rompi uma barreira e abri caminho para novos corredores. As pessoas diziam que não era possível correr maratona em menos de 2h05 e eu fiz questão de mostrar que era possível.
Confira o vídeo de Paul quebrando o recorde da maratona (2003)

Naquele dia, você correu a primeira metade da prova em 1h03min01 e a segunda metade em 1h01min54. É um belo split negativo. Essa é a melhor forma de se correr uma maratona?
Sim, é assim que deve ser. Um pouco mais conservador no começo e mais rápido no fim.
Samuel Wanjiru não usava essa tática (em seis maratonas completadas, ele venceu cinco e nunca fez um split negativo). Por que essa diferença?
Wanjiru era um atleta jovem e corria para dar seu máximo. Ele precisava liderar o pelotão. Eu era um corredor mais tático e preferia estar no meio do pelotão, sem liderar no começo, deixando para arrancar no fim. Fomos diferentes nesse aspecto, mas ele era um excelente corredor.
Você foi duas vezes vice-campeão mundial e olímpico nos 10000 metros. Como foram essas provas?
Em eventos como Olimpíadas e Mundiais, a prova de 10000 metros é muito tática. Todos correm para vencer e não para fazer um tempo determinado. Infelizmente, eu não consegui vencer. Mas tudo bem, eu fiz o melhor que eu pude.
Na Olimpíada de 2000, você perdeu os 10000 metros por muito pouco. Você já acordou sonhando que estava tentando acelerar ainda mais naquela última reta, para ficar com o ouro?
Não tenho arrependimentos. Eu fiz o melhor que eu pude. Não havia nada mais que eu pudesse fazer naquela situação.
Talvez aquela tenha sido a maior corrida de todos os tempos.
Sem dúvida! Acontece que os etíopes fizeram um forte jogo de equipe. Eles me encaixotaram na raia 1 e, aí, eu percebi que aquilo era um jogo. É muito difícil sair daquela situação.
Você teve que ir para a raia 3 para escapar dos etíopes.
Sim. E, depois disso, ainda tinha que voltar a fazer força para tornar a brigar pela prova. Eles não deveriam ter feito isso. Eles deveriam ter me deixado competir livremente com Haile, para vermos quem seria o vencedor. Mas, repito, eu fiz o melhor que eu podia.
Você e Haile eram adversários e os principais corredores daquela geração. Ele venceu os 10000 metros em dois Mundiais e em dois Jogos Olímpicos, mas você o venceu na Maratona de Londres de 2002 (Tergat foi segundo colocado e Haile, terceiro). Como era sua relação pessoal com ele?
O esporte deve servir para unir as pessoas, não criar inimigos. Os atletas podem ser de culturas diferentes, diferentes países, diferentes línguas, mas, quando se encontram, falam sobre esporte. É isso que eles amam.
Veja Paul nos 10.000m da Olimpíada de Sidney (2000)

Como era sua rotina de treinos para uma maratona?
Eu costumava fazer dois meses de treinamentos específicos. Eu treinava duas vezes por dia e rodava entre 210 e 240 km por semana, com dois treinos de pista e um treino longo. O treino longo, às vezes, era feito em trilhas em meio à floresta. E eu também costumava fazer musculação.
Como foi sua infância no Quênia?
Eu tive uma infância difícil, num vilarejo do Quênia. Isso fez com que somente aos 18 anos eu percebesse que tinha talento para a corrida [até então, Tergat era jogador de basquete].
Quando você era criança, sua família recebia auxílio da ONU. Hoje você é um dos embaixadores da ONU. Como é seu trabalho lá?
Basicamente, minha função é alertar as pessoas para a questão da fome e tentar levantar fundos para o programa mundial de alimentação. Ver crianças que vão dormir de barriga vazia é muito duro.
Sua carreira terminou em dezembro de 2011, em um acidente de automóveis. Como foi isso?
Isso é muito triste. Eu estava numa estrada do Quênia. Um motorista louco vinha muito rápido e não percebeu que o caminhão que estava na frente dele freou. Para escapar do caminhão, ele jogou o carro para a faixa do lado, que era por onde trafegava meu carro. Mas, por sorte e pela vontade de Deus, eu estou vivo e estou aqui.

Você machucou seu joelho no acidente?
Machuquei minha perna e não consigo correr mais.
Você estava na maratona olímpica de 2004, em Atenas, quando um padre irlandês atacou Vanderlei Cordeiro de Lima. Você se lembra desse episódio?
Sim, eu me lembro, porque eu estava achando que Vanderlei venceria a prova. Eu vinha um pouco atrás de Vanderlei e vi a cena. Aquele cara destruiu o Vanderlei, porque o jogou para fora do percurso, quebrou seu ritmo. Fora a tensão de não saber o que vai acontecer com sua vida naquele momento. É muito triste que um atleta não tenha condições de segurança em uma prova olímpica. Não era uma corrida qualquer. Era uma maratona olímpica.
Você se lembra de Ronaldo da Costa?
Sim, era um ótimo corredor. Eu não o vi participar de competições internacionais por muito tempo. Talvez ele competisse mais no Brasil. Mas foi um recordista mundial e contribuiu para a evolução da maratona.
Qual é o limite humano? É possível correr a maratona em menos de 2h?
É muito difícil. Para a geração atual, eu diria que é impossível. Talvez para a próxima geração. Mas vai levar tempo.
GRANDES CONQUISTAS
Paul Tergat Baringo (Quênia), 42 anos, 62kg, 1,82m
Pentacampeão de Cross Country
25/03/1995 - Cross Country - World Chiampionships - Durham, Inglaterra - 34min05
20/03/1996 - Cross Country - World Chiampionships - Stellenbosch, Cape Town - 33min44
23/03/1997 - Cross Country - World Championship - Torino, Italia - 35min11
22/03/1998 - Cross Country - World Championship - Marrackech, Marrocos- 34min01
28/03/1999 - Cross Country - World Championship - Belfast, Irlanda - 38min28
Bicampeão da Meia Maratona
03/10/1999 - World Championshisp - Palermo, Italia- 1h01min50
12/11/2000 - Maratona de Veracruz, México - 1h03min47
Recordes mundiais
22/08/1997 - 10 000 m – Meeting - Brussel, Belgica - 26min27s85 - 1º lugar
04/04/1998 - Half-marathon - Road Race - Milan, Italia - 59min17 - 1º lugar
28/09/2003 – Marathon - Road Race - Berlin, Alemanha - 2h04min55 - 1º lugar
Maratonas
22/04/2001 - Londres, Inglaterra - 2h08min15 - 2º lugar
07/10/2001 - Chicago, USA - 2h08min56 - 2º lugar
14/04/2002 – Londres, Inglaterra - 2h05min48 – 2º lugar
13/04/2003 - Londres, Inglaterra - 2h07min59 - 4º lugar
28/09/2003 – Berlin, Alemanha - 2h04min55 - 1º lugar
29/08/2004 – Athens, Grecia (Olimpiadas) - 2h14min45 - 10º lugar
17/04/2005 - Londres, Inglaterra - 2h11min38 - 8º lugar
06/11/2005 - Nova York, USA - 2h09min30 - 1º lugar
05/11/2006 – Nova York, USA - 2h10min10 - 3º lugar
22/04/2007 - Londres, Inglaterra - 2h08min06 - 6º lugar
02/11/2008 - Nova York, USA - 2h13min10 - 4º lugar
01/03/2009 - Lake Biwa, Japao - 2h10min22 - 1º lugar
Melhores marcas
5.000m - 12min49s87 – Zurique 97
10.000m - 26min27s85 – Bruxelas 97
10km - 27min51 – Milão 99
Meia - 59min17 – Milão 98
Maratona - 2h04min55 – Berlim 2003

MATÉRIA DA REVISTA RUNNERS