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sexta-feira, 1 de junho de 2012


Intestino: a chave de uma vida saudável


Veja porque você deve redobrar a atenção com seu intestino e confira algumas dicas de como aproveitar melhor o que cada alimento pode lhe oferecer



* Por Priscila Di Ciero

Pensar em ganhar massa muscular, perder gordura, melhorar performance esportiva, combater lesões e melhorar a imunidade são os objetivos de quase todos praticantes de atividade física. Mas nem sempre essas pessoas cuidam da chave de todo esse processo: o intestino! Sim, é o órgão que receberá os nutrientes a serem distribuídos para os tecidos de importância ímpar no organismo: fígado, músculos, cérebro, ossos, tendões, etc.


O intestino humano possui 10 vezes mais bactérias e 100 vezes mais material genético do que todo o corpo. A microbiota apresenta um complexo equilíbrio entre microorganismos, que também têm papel na imunidade, e é composta pela interação das:


- BACTÉRIAS PROBIÓTICAS: aquelas com efeitos benéficos ao organismo, de 11 a 13% do conteúdo total presente;


- BACTÉRIAS COMENSAIS: compreendem a maior parte das bactérias, equilibrando ou desequilibrando o intestino. Como vivemos em dinamismo, essas bactérias são eliminadas pelas fezes, tornando a colonização do intestino temporária. Por isso, precisamos estar sempre vigilantes em busca deste equilíbrio;


- BACTÉRIAS PATOGÊNICAS: podem causar doenças agudas ou crônicas quando se proliferam. Suas toxinas lesionam o intestino e são absorvidas pela corrente sanguínea, causando problemas.


As bactérias probióticas são essenciais para manutenção de nossa saúde por quê: sintetizam vitamina do complexo B e vitamina K; participam na síntese de enzimas digestivas (lactose, por exemplo); regulam o trânsito intestinal; auxiliam na limpeza corporal por ajudar a varrer toxinas de medicamentos, hormônios, metais tóxicos e substâncias cancerígenas; produzem anticorpos, substâncias antimicrobianas; participam da produção intestinal de substancias antiinflamatórias.


Vários fatores influenciam a microbiota, como o envelhecimento, o uso de alguns medicamentos, como os antibióticos, e maus hábitos alimentares, que a degradam muito. Tudo isso leva a um estado de disbiose intestinal, em que a microbiota produz efeitos nocivos ao próprio corpo.


Assim como você cuida de sua pele, segue as planilhas de treino, procura repousar para repor energias e se suplementar, passar a ter cuidado constante do intestino se faz necessário. Costumamos trabalhar em consulta nutricional com o programa dos 4Rs, que consiste em:


- REMOVER: muda-se a dieta restringindo consumo de alguns alimentos de acordo com a anamnese do paciente. Restringir laticínios e glúten pode ser necessário dependendo do caso;


- REINOCULAR: repor probióticos e prebióticos (fibras que irão alimentar essas bactérias, propiciando seu crescimento);


- RECOLOCAR: foco nas enzimas digestivas e reequilibrar as concentrações de ácido clorídrico estomacal;


- REPARAR: introdução de uma dieta não irritativa e rica em nutrientes (muitas vezes são utilizados até suplementos feitos em farmácia de manipulação);


Se você quer melhorar sua performance, foque também cuidados com seu intestino e procure um nutricionista esportivo.


Quatro dicas práticas da nutricionista:


- Limite o consumo de café, refrigerantes, frituras e alimentos industrializados. São eles que irritam constantemente a mucosa intestinal;


- Forneça alimentos ricos em FOS – sigla de FRUTOOLIGOSSACARÍDEO – e amido resistente. São estes tipos de fibras que alimentam as bactérias intestinais, produzindo substâncias protetoras através do processo de fermentação. Exemplo: biomassa e farinha de banana verde, cebola, alho, chicória, mel, etc;


- Combata a constipação: o organismo faz uma reabsorção de água (“suja”) e oriundas das fezes acumuladas, intoxicando ainda mais o corpo. Aumente a hidratação, inclua o farelo de arroz, a semente de linhaça/chia e até o óleo de coco, que podem ajudam a melhorar evacuação;


- Melhore sua digestão, e consequentemente, seu processo de absorção de nutrientes: chá de ervas como hortelã, alecrim e sálvia podem ser interessantes quando consumidos antes e/ou após as refeições.




*Nutricionista paulistana formada em 2001 e pós-graduanda em Nutrição Ortomolecular, Priscila Di Ciero é especialista em nutrição esportiva, com cursos de extensão em nutrição funcional, estética e suplementação. É membro do Departamento de Medicina e Nutrição da Sociedade Vegetariana Brasileira. Atualmente, presta consultoria a restaurantes, escolas e empresas, além de atender em consultório e, quando necessário, nas residências dos clientes.Acesse o site: www.prisciladiciero.com.br

MATÉRIA PUBLICADA NO SITE DA REVISTA O2

domingo, 20 de maio de 2012


Corrida e alimentação


Confira os cuidados com a alimentação antes, durante e depois de uma prova. A nutricionista Marilize Tamanini dá uma série de dicas para você que está começando


Por Angelo Binder e Pedro Nuin
Parece óbvio, mas na prática não é assim que funciona. Manter uma alimentação adequada para corridas requer alguns sacrifícios. O primeiro deles é respeitar os horários de alimentação e seguir uma rotina. Além disso, é essencial que o atleta faça refeições ricas em carboidratos. “Evite inovar em termos de alimentação na semana de prova Agora, o que conta é a experiência e a certeza do que já foi testado”, explica a nutricionista Marilize Tamanini. A seguir, ela dará dicas importantes sobre quando, quanto e o que comer para ter o melhor rendimento durante uma prova.

No dia anterior a prova:
O objetivo é manter no nível máximo os estoques de glicogênio, por isso, mantenha o mesmo padrão alimentar da semana anterior (rico em carboidratos) e apenas descanse. Continue bebendo muita água e sucos naturais;

É imprescindível que os horários das refeições sejam respeitados e que sejam todas realizadas. Faça o café da manhã, o lanche da manhã, o almoço, o lanche da tarde e o jantar, com um intervalo médio de 2 horas entre um e outro;

Não experimente nenhum alimento e/ou preparação nova;

Se você não vai treinar, a sua ingestão calórica também deverá ser menor (porque seu gasto é menor). Jamais extrapole o padrão que você já vinha seguindo;

Não se "empanturre". Fracione bem suas refeições e, se preciso, leve consigo alimentos como: pães, biscoitos sem recheio, frutas naturais ou secas, sucos, sanduíches, barrinhas. Opte sempre por alimentos pobres em gordura;

No jantar anterior à prova, evite o consumo de gorduras, fibras e diminua a proteína. Uma macarronada sem gordura ao sugo, um copo de suco natural e um doce de fruta seriam perfeitos;

Prefira realizar as refeições num restaurante que você já tenha experimentado anteriormente e não tenha tido nenhum problema;

Evite alimentos causadores de gases como feijão, leguminosas, brócolis, etc;

Evite alimentos laxativos como mamão, ameixa, figos e óleos. Eles podem causar diarréias e desconfortos intestinais;

Não ingira nenhum tipo de bebida alcoólica e minimize ao máximo o consumo de cafeína. Ambos são substâncias diuréticas (provocam a eliminação de água) e também podem interferir no metabolismo do glicogênio no fígado.

No dia da prova:
Tome o café da manhã ou a última refeição antes da corrida 1h30 a 2 horas antes da hora programada para a largada. É importantíssimo que esta refeição seja realizada no horário certo, pois, do contrário, você estará utilizando suas reservas de glicogênio e se sentirá cansado antes do tempo;

Um bom café da manhã deve ter pães (não integrais), leite desnatado, geléia de frutas, frutas, mel, melado, suco;

Quanto aos líquidos, tome pelo menos dois copos até 2 horas antes da prova. Isto será suficiente para equilibrar seus estoques e ainda eliminar o excesso, se necessário.

Durante a prova:
Faça o que você está acostumado a fazer em treinos longos em termos de alimentação.

Beba muita água (ideal a cada 15 ou 20 minutos);

Ingira carboidratos líquidos ou sólidos, dependendo do seu costume (o ideal é de 30g a 60g de carboidrato ou 120 a 240 calorias a cada hora de corrida);

Se você estiver acostumado com bebidas isotônicas e/ou géis de carboidrato (sempre acompanhados de água), eles são uma boa alternativa para a reposição de água, minerais e energia.

Após a prova:
Assim que terminar a corrida, inicie imediatamente a sua recuperação nutricional e física:

Beba o máximo de líquidos que você puder;

Comece a repor o seu estoque de glicogênio. Uma boa opção seria dois copos de qualquer bebida isotônica, gel de carboidrato, bananas ou outras frutas, sucos de fruta com açúcar ou mel, biscoitos do tipo água e sal ou pães que não sejam integrais;

Repita este pequeno lanche a cada duas horas;

Na hora do jantar, também inclua alguma fonte de proteína, mas preferencialmente alguma carne magra, atum, ovos, frango ou peixe. 

MATÉRIA DO SITE DA REVISTA O2

segunda-feira, 30 de abril de 2012

MUDE O PISO


Mude o piso


Além de ajudar a evitar lesões, a variação dos tipos de terreno na hora da corrida pode aumentar a qualidade e a intensidade de seus treinos

Foto: Divulgação/ Nike
Por Renan Santiago

Um bom treino de corrida está associado a uma série de fatores: preparação do corpo e da mente, alongamento, postura correta para um melhor desempenho, o calçado ideal para a absorção do impacto das passadas, a respiração, entre outros. Não muito pautado, mas de suma importância na vida de um corredor, é o tipo de piso onde será feita a prática da corrida. Há estudos que indicam uma forte ligação entre lesões, desempenho e peformance com as superfícies onde são realizadas as atividades esportivas.

Vitor Tessuti, que é Mestre em Ciências da Reabilitação pela Faculdade de Medicina da USP e Bacharel em Esporte pela Escola de Educação Física dessa mesma universidade, desenvolveu, em 2010, um artigo que estuda a pressão sofrida pelos pés durante a corrida em diferentes tipos de pisos. O estudo aponta que as lesões são causadas por uma união de fatores, como desvios de postura, experiência prévia na prática do esporte, modelo do tênis, entre outros, porém todos relacionados com a superfície em que é realizado o treino. O especialista interpreta, ainda, um outro estudo realizado no exterior pela Universidade da Califórnia em que foi feita uma análise acerca do impacto: "Certamente os pisos mais rígidos apresentam maior pressão plantar. A grama, por exemplo, atenua em até 16% a pressão que o pé sofre durante a corrida, comparada ao asfalto. A diferença é de pouco mais de 100 Newtons, mas imagine isso em cada passo. Imagine o efeito cumulativo dessa diferença em termos de solicitação articular e até mesmo óssea, ao longo do treino, da semana e do mês. Correr sempre numa superfície rígida, pode ser um dos diversos motivos geradores de lesões", analisa Tessuti.

Em contrapartida, correr em solos duros também pode trazer benefícios, desde que haja uma programação estratégica do treino, como relata o professor: "Quando se pensa em performance, os mais rígidos são os melhores, já que a dissipação de energia para o piso é menor e, além disso, pode-se aproveitar com mais propriedade as capacidades elásticas do músculo para otimizar a passada", explica.

A importância da variação
O ideal é que o atleta tenha uma tabela semanal de treinos específicos com variações entre cada tipo de superfície. Para Ronaldo Martinelli, diretor técnico e treinador da assessoria 5 Ways Sports Consulting, a alternância entre os tipos de solo só traz benefícios e está atrelada ao objetivo pessoal de cada corredor. O professor destaca a possibilidade de fortalecimento das articulações dos joelhos e tornozelos em pisos instáveis, a absorção de impacto em terrenos macios, o aumento da intensidade do treino em solos como a areia e terra, além do elemento motivacional. 

Dependendo de qual for o objetivo do atleta, um treino semanal que tenha mesclados cada um desses elementos ajudará o corredor a atingir os resultados esperados. Lembrando que essa alternância dever ser programada especificamente de acordo com a necessidade de cada pessoa e sempre com a orientação de um profissional. “A utilização aleatória dos pisos pode não trazer o efeito desejado”, alerta Tessutti.

Veja abaixo as vantagens e desvantagens de cada tipo de superfície.

Asfalto:
Vantagens: Indicado para trabalhos de velocidade. Proporciona estabilidade e segurança.
Desvantagens: Tem impacto maior nas passadas e baixa propriocepção - capacidade de reconhecer a localização espacial do corpo. Deixa as articulações mais expostas a lesões.

Esteira:
Vantagens: É um piso estável que proporciona um maior amortecimento de impacto.
Desvantagens: Apresenta pouca variação de movimento. Isso pode deixar as principais articulações menos preparadas a situações comuns de treinos e provas.

Areia:
Vantagens: Aumenta a intensidade do treino e proporciona grande estabilização.
Desvantagens: Para os que não estiverem adptados, lesões podem ocorrer com mais facilidade devido à grande intensidade do exercício.

Terra batida:
Vantagens: Proporciona boa variação de treino, aumentando a intensidade e qualidade, com maior absorção de impacto.
Desvantagens: Pode dificultar trabalhos de velocidade e proporcionar alguma instabilidade, deixando as principais articulações expostas a lesões, principalmente torções.

Cimento:
Vantagens: Piso altamente estável. Bom para treinos de velocidade.
Desvantagens: É o piso que proporciona maior impacto ao corpo. Pode estar mais está associado a lesões que os outros tipos de terreno.

Grama:
Vantagens: Tem grande absorção de impacto e um bom trabalho proprioceptivo.
Desvantagens: Não indicado para treinos de velocidade. A atenção deve ser redobrada por conta de buracos e instabilidades da superfície.


MATÉRIA  DO SITE DA REVISTA O2

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Atividade física x Carboidratos

Atividade física x Carboidratos


Essenciais para uma dieta equilibrada, os carboidratos não podem faltar também nas refeições dos corredores. Saiba quando ingeri-los e quais são as melhores opções


* Por Renata Rodrigues de Oliveira

Muito se fala hoje da importância das proteínas para os praticantes de atividade física. Acontece que a grande maioria das pessoas que começa a se exercitar tendo como objetivo principal a redução do peso acaba esquecendo dos carboidratos - nutrientes fundamentais na busca pelo sonhado corpo ideal.

Quando praticamos atividade física, nosso maior combustível é a glicose, normalmente encontrada nos carboidratos, como: massas, pães, cereais, biscoitos, arroz. Se não comermos carboidratos de forma suficiente e adequada, corremos o risco de começar a usar proteína como fonte de energia, o que não é nem um pouco interessante para quem precisa perder peso ou ganhar massa muscular.

Infelizmente, os carboidratos se tornaram vilões na luta contra a obesidade e dessa forma acabaram sendo gradativamente eliminados de uma dieta saudável. Porém, o que muitos não sabem é que existem grandes diferenças entre os tipos de carboidratos. Saber disso é fundamental para que se consiga atingir as metas estabelecidas.

Então vamos a algumas dicas importantes....

Antes do exercício físico é recomendada a ingestão de carboidratos de baixo índice glicêmico. Um exemplo são os cereais integrais. Recomendamos esse tipo de carboidrato por ele ser capaz de favorecer a permanência no exercício por um tempo maior, além de melhorar a digestão e liberar a glicose lentamente na corrente sanguínea. Outras opções são: espaguete, ravioli, maçã, pera e pães e biscoitos integrais

Durante o exercício só é recomendada a ingestão de carboidratos se a atividade for superior a 90 minutos de duração ou então atingir intensidade superior a 70% do VO2 máximo. Nesse caso, uma das alternativas é o consumo de bebidas energéticas ou carboidratos em gel (maltodextrina).

Após o exercício a refeição deve conter carboidratos de alto índice glicêmico (bolos, biscoitos, mel, pão branco etc) para se repor os estoques rapidamente. Porém, nos casos em que o objetivo é a perda de peso, recomenda-se ingerir novamente carboidratos de baixo índice glicêmico, pois se a insulina for estimulada constantemente, pode favorecer a lipogênese (formação de gordura).

Lembre-se que praticar atividade física é essencial para a saúde. O acompanhamento desse processo por profissionais especializados acelera o aparecimento e a manutenção dos resultados alcançados. Mexa-se!

* Renata Rodrigues de Oliveira é nutricionista especialista em Nutrição Clínica e Fisiologia do Exercício Avançada. Trabalha no Instituto Mineiro de Endocrinologia. Para mais informações, acesse: www.pesosaudavel.com.br.



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quarta-feira, 11 de abril de 2012

Lesões na corrida

Lesões na corrida


Pesquisa revela os problemas que mais atingem corredores amadores


Por Evaldo Bósio Filho

A corrida de rua é uma modalidade esportiva caracterizada por exigências repetitivas do aparelho locomotor (ossos, músculos, tendões e ligamentos). Com o aumento no número de praticantes nos últimos anos, cresceu também o número de lesões - especialmente entre os atletas de fim de semana. A estimativa é que ao menos 200 mil pessoas corram pelos parques e ruas de São Paulo aos sábados e domingos.

Pesquisa
O aumento da pratica esportiva levou as pessoas a terem novas lesões, as chamadas lesões esportivas. Uma pesquisa realizada pela Sociedade Nacional de Fisioterapia e coordenada por mim identificou as lesões mais comuns que atingem os corredores e a direcionou para atletas, assessorias e treinadores com a intenção de prevenir lesões, evitando assim que as pessoas fiquem afastados do ciclo de treinos e corridas, prejudicando a prática esportiva.

Um total de 250 atletas que participaram da Meia-maratona Internacional de São Paulo de 2011 foi avaliado. Participaram dessa pesquisa pessoas com idade entre 18 e 60 anos. Dos corredores avaliados, 28 foram excluídos, respeitando o critério de exclusão (praticantes de outros esportes). Permanecendo na pesquisa 232 atletas: sendo 160 (68,97) homens e 72 (31,03%) mulheres. Os dados foram coletados através de questionário epidemiológico, exames de imagem e avaliação clínica dos pacientes.

Dos 232 avaliados, 52 (22,41%) apresentaram tendinopatia de calcâneo (Tendinite de Aquiles) como o principal lesão, seguido por fasceíte plantar: 40 (17,24%), tendinopatia patelar: 36 (15,52%), canelite: 29 (12,5%), fratura por estresse 25: (10,78%), lesão muscular: 19 (8,19%), condropatia patelar: 12 (5,17%), entorse de tornozelo: sete (3,02%) e síndrome do impacto acetabular: três (1,29%). Apenas nove (3,88%) atletas não relataram lesões provenientes da corrida. A dor esteve presente em 183 (78,88%) atletas, sendo a principal queixa durante a prática esportiva.

A tendinite
Os tendões são estruturas fibrosas, com pouca vascularização (recebem pouco aporte sanguíneo), e têm como principal função transmitir a força gerada pelos músculos aos ossos, determinando os movimentos do corpo. As tendinites podem ser denominadas como a inflamação de algum tendão.

Diversas são as causas que podem gerar um processo inflamatório sobre o tendão. Entre os corredores, podemos citar: falta de alongamento e flexibilidade de algum grupo muscular, déficit de força muscular, falta de aquecimento antes de atividades esportivas, excesso de movimentos repetitivos, sobrecarga dos treinamentos e calçado inadequado.

Elas se manifestam através de dores localizadas próximo às articulações. Geralmente são dores difusas, que podem aparecer após uma atividade física intensa ou em atividades simples como andar, abaixar, subir e descer escadas.

Tendinite de Aquiles, o principal acometimento apontado na pesquisa, é a lesão inflamatória que acomete o tendão dos músculos da panturrilha (Tríceps Sural). As dores se localizam na região posterior do calcanhar. O tratamento fisioterapêutico tem início cerca de três a sete dias após o diagnóstico médico. O tratamento inicial será de analgesia e controle da inflamação. Após a resolução da dor e do processo inflamatório, começa a segunda etapa do tratamento, que visa o reequilíbrio muscular (alongamentos e fortalecimentos).

Na última etapa, o objetivo é corrigir possíveis alterações posturais e passar orientações sobre calçados mais adequados, caso seja necessário. Nessa fase também inicia-se um treino leve do gesto esportivo e, após alguns testes funcionais, ocorre a liberação para treinos e pratica esportiva.

Atenção
Vale um alerta: As tendinites tratadas de forma incorreta ou não tratadas podem gerar uma tendinose, que passa a ser a condição de total degeneração do tendão e que pode levar à ruptura do mesmo. Nos casos em que ocorre a ruptura do tendão, o tratamento passa a ser cirúrgico e o atleta geralmente fica afastado por alguns meses da prática esportiva para tratamento e recuperação. Dependendo da gravidade da degeneração, o atleta pode ser afastado definitivamente do esporte.

Sugiro que atletas, assessorias e treinadores tenham mais atenção aos sinais de dores, que muitas vezes são banalizados, e passem a incluir treinos preventivos realizados por fisioterapeutas junto às planilhas de treinamentos. Previna-se de lesões e pratique a corrida de forma saudável!

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Dr. Evaldo D. Bosio Filho - Crefito 3/102.898F
Especialista em Fisioterapia Músculo Esquelética pela Santa Casa de São Paulo.
Especialista em Fisioterapia Esportiva pela Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva.
Membro da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva – SONAFE.
Membro da Sociedade Brasileira de Reeducação Postural Global – SBRPG.
Coordenador Científico da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva.
Coordenador de Fisioterapia Esportiva da Prime Sports - Prime Fisioterapia Especializada.
Site: www.primefisioterapia.com.br



MATÉRIA DO SITE DA REVISTA O2

quinta-feira, 29 de março de 2012

Testosterona em mulheres

Testosterona em mulheres


Saiba quais são os benefícios e os malefícios da aplicação do hormônio masculino no organismo feminino


Por Renan Santiago

Qualquer atleta de alto rendimento vive uma busca incessante por uma maior performance. Alguns desses esportistas, tentados pela expectativa de resultados rápidos, recorrem ao uso de substâncias proibidas para alcançar seus objetivos.

Recentemente, a velocista britânica Bernice Wilson foi punida pela UK Anti-Doping, entidade que regulamenta o doping no Reino Unido, com quatro anos de suspensão. Wilson foi afastada do esporte devido ao uso de substâncias como a testosterona, hormônio masculino que tem como função o desenvolvimento e a manutenção da musculatura e das características sexuais secundárias dos homens.

Entretanto, não é só na elite esportiva que o problema ocorre. Ele é muito mais recorrente no meio amador, em que não há nenhum tipo de fiscalização ou controle. Qualquer um que frequente uma academia ou que pratique esporte sem o intuito de competir em alto nível pode ter acesso a substâncias desse tipo.

Sabe-se que os homens são os maiores usuários da testosterona e que seu uso descontrolado provoca vários efeitos adversos, como a esterelidade e a impotência, por exemplo. No entanto, é entre as mulheres que as consequências são mais preocupantes.

A ginecologista e obstetra Denise Gomes adverte que "a testosterona já é produzida no ovário e nas glândulas suprarrenais femininas em doses saudáveis. A aplicação não natural do hormônio implica em uma série de modificações corporais e comportamentais”.

Quais as reações do hormônio masculino na mulher?
Dentre as possíveis reações no corpo feminino estão: o engrossamento da voz, o crescimento de pêlos no rosto e mãos, o aparecimento da acne, crescimento do clitóris e outras alterações físicas. A ginecologista explica que o corpo não sofre somente com mudanças estéticas: "A substância está implicada com elevação do mau colesterol e redução do bom colesterol, elevação da pressão alta, prejuízo na metabolização hepática, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e morte súbita".

Tais reações dependem diretamente da quantidade de hormônio e seu tempo de utilização, mas podem ser revertidas. "Quanto maior a exposição à testosterona, mas difícil a reversão dos sintomas, porém, as reações físicas, como a elevação da pressão arterial e o desequilíbrio do perfil lipídico - dosagens de colesterol - são mais fáceis de se reverter, diferentemente dos efeitos psíquicos, que são mais difíceis", esclarece a médica.

O uso correto da testosterona
Embora a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não aprove o uso do hormônio para fins desportivos ou estéticos, ele pode ser recomendado em casos específicos, como na menopausa, em que a reposição da testosterona é útil para restabelecer a libido, combater a perda de massa muscular, retardar as alterações no organismo decorrentes da parada de funcionamento dos ovários, além de benefícios da vida sexual. Há recomendação também no tratamento de alguns cânceres e anemias severas. Em todos os casos deve haver o acompanhamento de especialistas da área.

Portanto, corredora, lembre-se: o uso da testosterona é perigoso e enganador. Sim. A substância aumenta o porte dos músculos, mas além de provocar os males descritos acima, ela não aumenta proporcionalmente o tamanho dos tendões de sustentação. Isso pode causar lesões ortopédicas, como entorses ou até mesmo a sua ruptura.



MATÉRIA DO SITE DA REVISTA O2

segunda-feira, 19 de março de 2012

O CÉU É O LIMITE!

O céu é o limite


A evolução faz parte da corrida. Leia a coluna da psicóloga do esporte Daniela Chaves e entenda a necessidade do ser humano de buscar desafios

Foto: Divulgação/ Nike
* Por Daniela Lago Chaves Koerbel

Desde os seus primórdios o ser humano está em busca de um “algo mais”, algo que lhe dê prazer (mesmo que momentâneo), algo que supra suas necessidades básicas ou essenciais, algo que o motive a se auto-superar. Ou seja, para alguns homens e mulheres o clímax de suas vidas é atingido quando saem de sua zona de conforto e vão em busca de desafios. Mas que desafios são esses?

Bem, no que tange ao contexto esportivo ou, mais especificamente às corridas de rua, de aventura ou de montanha, pode-se dizer que o maior adversário do corredor é ele próprio. Isto é, seu maior adversário e, ao mesmo tempo, aliado, é sua mente e seu corpo. Tudo vai depender do que o motiva a correr e de como está seu treinamento psicológico e físico. 

Nos tempos atuais, as corridas de rua ganharam mais espaço e conquistaram mais adeptos. Elas possuem diversas modalidades, com distâncias variadas (5 km, 10 km, 21 km e 42 km são as mais comuns). O que quero dizer é que para ser um corredor basta que se tenha claramente o motivo pelo qual se optou por esta modalidade esportiva, como por exemplo, saber se sua motivação é pelo simples prazer de correr ou apenas pelos resultados (de vitória). A partir desta tomada de consciência é salutar “manter-se em forma” tanto o corpo quanto a mente. 

É válido ressaltar que, a corrida é um esporte que propicia e favorece a estabilidade emocional, na medida em que sua motivação geralmente se baseia no rendimento, na autodisciplina e na perseverança. Segundo Weinberg &Gould (1999), a motivação para o rendimento ou “achievement motivation” é o esforço de uma pessoa com o objetivo de solucionar uma tarefa exigente, adquirir excelência esportiva, superar obstáculos, procurar demonstrar uma melhor performance do que outras pessoas, e sentir-se orgulhoso ao mostrar seu talento.”.

Assim, muitos corredores buscam desafios maiores, ou seja, geralmente buscando a superação e aumentando, gradualmente, as distâncias a serem percorridas. Como exemplo podemos citar quem costuma correr 10 km e se auto-desafia a correr 21 km, ou até mesmo uma maratona. Esta pessoa está, na realidade, saindo de sua zona de conforto e indo além de seus próprios limites. 

É importante frisar que quem define o limite não é apenas o corpo e sim a mente. Ela irá te dizer se é possível ou não, na medida em que você acredita verdadeiramente que pode e que consegue: VOCÊ CONSEGUE!! É claro que é importante considerar que este atleta amador ou de elite já realize um fortalecimento muscular e um trabalho de condicionamento físico para seu desafio anterior.

O que é relevante considerar é que qualquer pessoa, desde que motivada para tal prática e com treinamento psicológico e físico adequado, pode encorajar-se e autodesafiar-se na buscar por “seu algo mais”. Afinal, somente o céu é o limite! 
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*Psicóloga do Esporte – CRP 08/10496
* Colunista da Revista O2 – www.O2porminuto.com.br
*Consultora do Projeto Bota Pra Correr- O2
*Colaboradora da Comissão de Psicologia do Esporte do Cons. Regional de Psicologia do PR
*Colaboradora do Laboratório de Psicofisiologia do Esporte e do Exercício-LAPPES/UFPR 
MATÉRIA DA REVISTA O2